Kylie Minogue está com o rosto todo colorido na revista Instinct deste mês. Sua maquiagem me remeteu imediatamente a Björk, e então a Michael Stipe (REM), Secos e Molhados e tantos outros astros da música. A pintura facial é tão antiga quanto o homem e se presta a embelezar, reafirmar a identidade, estabelecer uma outra identidade (paralela ou substituta), diferenciar, comunicar ou assustar. Em suma: pinta-se o rosto para chamar atenção. É comum nas tribos indígenas e também nos palcos.
Kylie Minogue e sua maquiagem estilizada na capa da revista gay Instinct
Malu Magalhães costuma pintar ela própria seu rosto para fazer seus shows. A cada apresentação, cria um desenho diferente.
Nas fotos de divulgação do álbum Volta, de 2007, Björk surgiu multicolorida, começando pelo rosto.
Na capa do álbum Maré, de 2008, Adriana Calcanhotto se pintou da maneira como imagina que seria o rosto de Tétis, deusa grega do mar
Em 2005, Michael Stipe cobriu parte do rosto de azul para o show do REM no evento Live Earth, em Londres.
O guitarrista Wes Borland ganhou fama em 1997 como integrante da banda Limp Bizkit. A cada apresentação, ele adota uma nova pintura que o faz parecer um ser completamente diferente. Por conta disso, Borland era uma atração à parte nos shows. Mas não está mais no grupo.
Marilyn Manson ganhou fama em 1996, quando lançou o álbum Antichrist Superstar. O hit do disco era The beautiful people, seu protesto contra a ditadura da beleza. Desde então, o cantor usa maquiagem para chocar, se enfeiar ainda mais e, assim, garantir um lugarzinho exclusivo ao sol do showbiz.
No clipe de Liar (1994), Henry Rollins aparece vermelho como um demônio. Seu personagem mentiroso é praticamente a encarnação do mal, eventualmente disfarçado de policial bonzinho e super-herói.
Madonna não é de se pintar além da simples maquiagem. Mas ela apareceeu inteiramente prateada no clipe de Fever, em 1993.
Annie Lennox gosta de se pintar desde os tempos de Eurythmics, sua antiga banda. Em 1992, no show de tributo a Freddie Mercury, chamou atenção com um visual sombrio, arrrematado com uma pintura preta nos olhos.
O Blue Man Group foi criado em 1987. Desde então, seus integrantes se pintam de azul para percorrer o mundo em espetáculos experimentais de música e teatro.
Nos anos 80, quando eram apenas uma banda alternativa promissora, os integrantes do Red Hot Chili Peppers já se pintavam, eventualmente, como na foto de cima, em que aparecem completamente coloridos ee irreconhecíveis. Mas a grande maioria do público lembra-se apenas de vê-los prateados no clipe de Give it away, de 1991.
Nesta foto de 1984, Grace Jones é uma obra de arte viva, pintada por Keith Haring, adereçada com coroa e acessórios criados especialmente por David Spada e fotografada por Robert Mapplethorpe.
Nos anos 80, era tão exagerada a maquiagem de Dee Snider, vocalista do Twisted Sister, que me parece sensato incluí-lo nesta galeria de caras pintadas. Ele era praticamente a Vovó Mafalda do metal.
A maquiagem de Siouxie Sioux, da banda inglesa Siouxie & The Banshees, sempre foi marcante, desenhada de modo a lhe conferir uma forma que vá além do meramente humano. Tem sido assim desde a virada dos anos 70 para os 80.
Em 1978, Roberto Carlos estreou sua turnê Palhaço, de grande sucesso. Ao fim de cada espetáculo, ele surpreendia a plateia ao voltar ao palco maquiado como palhaço para cantar O show já terminou.
Alice Cooper sem sua característica pintura ao redor dos olhos não é Alice Cooper, é Vincent Damon Furnier, o homem por trás do cantor-personagem.
Quando o Kiss se mostrou ao mundo, em 1974, seus inteegrantes já estavam de cara pintada, cada um encarnando uma peersona: Gene Simmons era The Demon, Paul Stanley era The Starchild, Peter Criss era The Cat, e por aí vai. Por muitos anos, seus verdadeiros rostos foram um grande mistério.
Surgida em 1972, a banda italiana Osanna também era adepta da pintura facial
Peter Gabriel atravessou a década de 70 de ponta a ponta como um mutante, com uma cara nova a cada momento, encarnando os diversos personagens de suas canções. Primeiro, como vocalista do Genesis. Depois, como cantor solo. Mas sempre com forte teatralidade, marcada não apenas pela pintura, mas também por sua interpretação.
Encabeçado por Ney Matogrosso, o grupo Secos & Molhados estreou em 1973 como um forte sopro de renovação no cenário musical brasileiro. A pintura teatral era apenas o lado mais evidente de sua ousadia. Há quem diga – inclusive Ney – que o Kiss imitou o visual do grupo. Porém, há registros de que a banda americana já se apresentava pintada em 1972.
Se for para encontrar um pioneiro, melhor ficar com David Bowie. Ele, sim, causou alvoroço ao se pintar para criar uma nova persona, Ziggy Stadust. O raio lhe atravessando o rosto, como na capa do álbum Aladdin Sane (1973), é a imageem mais emblemática, mas não a única. Foi nessa época que Bowie ganhou a alcunha de camaleão do rock. E fez história.
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